Tentativa (Direito Penal): Resumo Completo

O instituto da tentativa vem disciplinado no art. 14, II e parรกgrafo รบnico do Cรณdigo Penal.

Observe o que ensina o dispositivo:

Tentativa

II – tentado, quando, iniciada a execuรงรฃo, nรฃo se consuma por circunstรขncias alheias ร  vontade do agente.

Pena de tentativa

Parรกgrafo รบnico – Salvo disposiรงรฃo em contrรกrio, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuรญda de um a dois terรงos.

A tentativa รฉ um produto da anรกlise o iter criminis.

Quando o agente inicia o ato executรณrio ele pretende, em verdade, consumar o crime.

Entretanto, em alguns casos, o agente NรƒO CONSEGUE consumar o crime.

Note que hรก dolo (intenรงรฃo) voltado a consumaรงรฃo do crime.

ร‰ o que a legislaรงรฃo e a doutrina chama de tentativa.

Acesse o Mapa Mental dessa Aula

  • โœ…Revisรฃo rรกpidaย 
  • โœ…Memorizaรงรฃo simples
  • โœ…Maior concentraรงรฃo
  • โœ…Simplificaรงรฃo do conteรบdo.

Entรฃo, para que ocorra a tentativa, รฉ preciso:

  1. Ter iniciado a execuรงรฃo
  2. NรƒO pode ter alcanรงado a CONSUMAร‡รƒO por CIRCUNSTร‚NCIAS ALHEIAS A SUA VONTADE.

A tentativa, portanto, pode ser compreendida como um crime incompleto, jรก que nรฃo percorre, por completo, o iter criminis (“caminho do crime”).

Por isso, tambรฉm, a pena serรก menor (1/3 a 2/3 do crime consumado).

Quanto a natureza jurรญdica, fala-se que a tentativa รฉ causa de diminuiรงรฃo de pena prevista na parte geral.

Trata-se, ainda, de uma norma de extensรฃo (ou norma de adequaรงรฃo tรญpica indireta/ mediata).

ร‰ norma de extensรฃo, pois estende-se a aplicaรงรฃo do tipo penal (e.g. “matar alguรฉm”) aquele que apenas tentou o tipo penal (e.g. tentou “matar alguรฉm”).

ร‰ importante lembrar que existem os denominados crimes de atentado.

Tratam-se de crimes cuja lei prevรช a MESMA PENA para o crime consumado e para o crime tentado.

Neste caso, portanto, nรฃo hรก diminuiรงรฃo da pena.

Como jรก observamos, a pena do crime tentado serรก menor do que a do crime consumado.

Trata-se de pena do crime consumado diminuรญda de 1/3 a 2/3.

Vocรช pode estar se perguntando: “mas qual รฉ o critรฉrio para aplicar 1/3 ou 2/3???“.

Assista Agora a Aula Desenhada de

Tentativa (Direito Penal): Resumo Completo

  • โœ…Mais didรกticaย 
  • โœ…Fรกcil entendimento
  • โœ…Sem enrolaรงรฃo
  • โœ…Melhor revisรฃo

Existe um critรฉrio que foi construรญdo pela doutrina e vem sendo adotado pela jurisprudรชncia.

O critรฉrio รฉ o seguinte…

Dentro dos atos de execuรงรฃo, quanto mais prรณximo da consumaรงรฃo o agente chegou, menor serรก a diminuiรงรฃo da pena.

  • Questรฃo: o critรฉrio para aplicar a reduรงรฃo de 1/3 a 2/3 na tentativa, inclusive, jรก foi cobrado na prova da OAB. Observe como esse tema caiu na prova:

Espรฉcies de Tentativa

Sรฃo espรฉcies de tentativa:

  1. Tentativa Imperfeita (ou inacabada);
  2. Tentativa Perfeita (ou acabada).

De forma geral, na tentativa o agente jรก iniciou a execuรงรฃo (ou atos executรณrios), mas ainda nรฃo consumou o crime.

A tentativa imperfeita รฉ aquela, cuja execuรงรฃo estรก inacabada (ou imperfeita), ou seja, o agente inicia o ato executรณrio e, por motivos alheios a sua vontade, nรฃo consegue completรก-lo.

Imagine, por exemplo, que “Joรฃo” inicia o furto do rรกdio de um determinado veรญculo, inclusive com arrombamento do veรญculo. Contudo, ao observar a polรญcia se aproximando, resolve fugir.

Na tentativa perfeita (ou acabada), por sua vez, todos os atos executรณrios sรฃo realizados.

Todavia, ainda assim, o crime nรฃo se consuma. ร‰, tambรฉm por isso, chamado de crime falho.

Imagine, por exemplo, que “X” tenta matar “Y” ministrando veneno na comida. “Y” ingere a comida com veneno, passa mal, mas รฉ salvo no hospital.

Lembre-se que a pena do crime tentado serรก a pena do crime consumado diminuรญda de 1/3 a 2/3.

Lembre-se, tambรฉm, que, segundo a doutrina, o critรฉrio de quanto se deve diminuir leva em consideraรงรฃo o quanto o agente “avanรงou” nos atos de execuรงรฃo.

Entรฃo, quanto mais prรณximo da consumaรงรฃo o agente chegou, menor serรก a diminuiรงรฃo da pena.

Por isso, podemos concluir que a tentativa perfeita (ou acabada) admite reduรงรฃo de pena menor quando comparada com a tentativa imperfeita (ou inacabada).

Tambรฉm รฉ espรฉcie de tentativa a:

  1. Tentativa branca;
  2. Tentativa cruenta.

A tentativa branca รฉ aquela que NรƒO produz resultado naturalรญstico, ao passo que a tentativa cruenta รฉ aquela que produz resultado naturalรญstico.

Teorias em relaรงรฃo a Punibilidade na Tentativa

Sรฃo teorias relacionadas a punibilidade da tentativa:

  1. Teoria Subjetiva;
  2. Teoria Sintomรกtica (ou positivista);
  3. Teoria Objetiva (ou realรญstica/ dualista);
  4. Teoria da Impressรฃo (ou objetiva-subjetiva).

A teoria subjetiva nรฃo foi acolhida pelo Cรณdigo Penal.

Trata-se de teoria resguarda especial relevรขncia ao elemento subjetivo (dolo).

Para essa teoria, a pena do crime tentado deve ser a MESMA do crime consumado.

Isso porque o dolo do crime consumado รฉ exatamente o mesmo do dolo do crime tentado.

Por isso, para a teoria subjetiva NรƒO deve haver distinรงรฃo entre a pena do crime consumado e a pena do crime consumado.

O Cรณdigo Penal, contudo, diminui a pena de 1/3 a 2/3, motivo pelo qual รฉ evidente que NรƒO acolheu essa teoria.

Em paralelo, a teoria sintomรกtica tem como parรขmetro a periculosidade do agente.

Neste cenรกrio, o agente poderรก ou nรฃo ser punido, conforme a sua periculosidade.

Alรฉm disso, a depender da periculosidade, a pena poderรก ser inteira ou parcial (pena diminuรญda).

Hรก, ainda, a teoria objetiva que pune o crime tentado, todavia, com diminuiรงรฃo de pena.

Trata-se da teoria adotada pelo Cรณdigo Penal brasileiro.

Por fim, a teoria da impressรฃo (ou teoria objetivo-subjetiva).

Essa teoria tem o dolo como elemento relevante (assim como a teoria subjetiva), mas a puniรงรฃo da tentativa รฉ possรญvel apenas:

  1. Quando a conduta รฉ capaz de abalar a confianรงa na vigรชncia do ordenamento jurรญdico;
  2. Quando a conduta transmite ร queles que dela tomam conhecimento a mensagem de perturbaรงรฃo da seguranรงa jurรญdica.

Hipรณteses que NรƒO admitem tentativa

Dentro do tema tentativa, รฉ muito importante saber quando o instituto NรƒO serรก aplicado.

Nos prรณximos tรณpicos, vou falar sobre cada uma das hipรณteses.

Crime culposo

O crime culposo nรฃo admite tentativa, pois, nesta espรฉcie de crime, nรฃo hรก vontade direcionada a produรงรฃo do resultado.

Na base do conceito de tentativa, como jรก observamos, o crime “nรฃo se consuma por circunstรขncias alheias ร  vontade do agente“.

Hรก, contudo, uma exceรงรฃo.

Trata-se da denominada culpa imprรณpria.

ร‰ o que ocorre, por exemplo, na legรญtima defesa putativa.

Imagine, por exemplo, que “Joรฃo” estรก armado. “Paulo”, antigo desafeto de “Joรฃo”, aproxima-se de forma abrupta e pรตe a mรฃo por debaixo da camisa. “Joรฃo”, entรฃo, imaginando que “Paulo” sacaria uma arma (legรญtima defesa putativa), aponta arma de fogo contra “Paulo” e dispara.

Trata-se de erro quanto ao tipo permissivo da legรญtima defesa.

Na hipรณtese do erro ser evitรกvel, pode-se excluir o dolo, mas NรƒO a culpa.

Nesse caso, por FICร‡รƒO, afasta-se o dolo.

Contudo, observe que, na prรกtica, o cara tinha o dolo de matar quando agiu em legitima defesa (no fundo hรก vontade).

Aqui, hรก uma tentativa de crime culposo (em verdade o crime รฉ doloso e punido, por ficรงรฃo, como crime culposo).

Trata-se, em verdade, de uma conduta dolosa impropriamente tratada como culposa em razรฃo do erro (art. 20, ยง 1ยบ do CP)

Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a puniรงรฃo por crime culposo, se previsto em lei.

Descriminantes putativas

ยง 1ยบ – ร‰ isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstรขncias, supรตe situaรงรฃo de fato que, se existisse, tornaria a aรงรฃo legรญtima. Nรฃo hรก isenรงรฃo de pena quando o erro deriva de culpa e o fato รฉ punรญvel como crime culposo.

Crime Preterdoloso

Preter” significa alรฉm. Por isso, preterdoloso รฉ uma conduta dolosa que vai alรฉm do que o agente pretendia (e.g, lesรฃo corporal seguida de morte).

Tratando-se de crime cujo resultado vai alรฉm do seu querer, entรฃo, vocรช nรฃo tem dolo naquele resultado.

O resultado, em verdade, รฉ produto da culpa (e nรฃo do dolo).

Considerando que nรฃo cabe tentativa no crime culposo, tambรฉm nรฃo se admite a tentativa no crime preterdoloso.

Crime Unisubsistente

O crime unisubsistente รฉ o crime que existe de uma forma una, indivisรญvel, de uma vez sรณ.

Isso significa que a conduta รฉ una/ indivisรญvel.

ร‰ o que ocorre, por exemplo, no crime de desobediรชncia.

Art. 330 – Desobedecer a ordem legal de funcionรกrio pรบblico:

Pena – detenรงรฃo, de quinze dias a seis meses, e multa.

Observe que a conduta de desobedecer nรฃo pode ser fracionada.

Como a conduta nรฃo pode ser fracionada, a execuรงรฃo se dรก com a prรกtica desta conduta, nรฃo se admitindo tentativa.

Crimes de Mera Conduta

Aqui, o tipo traz uma conduta proibida.

A simples pratica da conduta leva ao crime, independentemente do resultado.

Como regra, nรฃo se admite a tentativa no crime de mera conduta.

Crimes Omissivos Prรณprios

O crime รฉ omissivo prรณprio, pois o prรณprio tipo prevรช a omissรฃo.

ร‰ o que ocorre, por exemplo, no crime de omissรฃo de socorro.

Art. 135 – Deixar de prestar assistรชncia, quando possรญvel fazรช-lo sem risco pessoal, ร  crianรงa abandonada ou extraviada, ou ร  pessoa invรกlida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou nรฃo pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pรบblica:

Considerando que o “nรฃo fazer” (omissรฃo) encontra-se no prรณprio tipo penal, nรฃo hรก como sustentar tentativa na espรฉcie.

Aliรกs, como regra, o crime omisso prรณprio รฉ um crime unissubsistente.

Nรฃo hรก como tentar o “nรฃo fazer”.

Por isso, nรฃo cabe tentativa nos crimes omissivos prรณprios.

Crimes Habituais

O crime habitual รฉ um que, para que ocorra, pressupรตe a repetiรงรฃo de atos.

Para a maioria da doutrina nacional, a habitualidade precisa ser demonstrada objetivamente por meio de uma reiterada prรกtica de atos.

Portanto, ou o agente atuou vรกrias vezes e o crime se consumou ou NรƒO Hร CRIME com a prรกtica ESPORรDICA do ato.

Crime de Atentado

O legislador, aqui, equipara, no tipo penal, a tentativa ao crime consumado.

Observe, por exemplo, o que dispรตe o crime do art. 352 do CP.

Evasรฃo mediante violรชncia contra a pessoa

Art. 352 – Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivรญduo submetido a medida de seguranรงa detentiva, usando de violรชncia contra a pessoa:

Pena – detenรงรฃo, de trรชs meses a um ano, alรฉm da pena correspondente ร  violรชncia.

O crime de atentado, por evidente, nรฃo admite tentativa, jรก que a modalidade tentada รฉ tratada da mesma forma da modalidade consumada.

Contravenรงรฃo Penal

A contravenรงรฃo penal NรƒO admite tentativa, porque a prรณpria lei, no art. 4ยฐ da LCP, nรฃo admite a tentativa de contravenรงรฃo.

Segundo o art. 4ยบ do decreto-lei 3.688 (Lei de Contravenรงรตes Penais) “nรฃo รฉ punรญvel a tentativa de contravenรงรฃo“.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Veja Tambรฉm...

Deixe um comentรกrio

DIREITO PENAL DESENHADO

๐Ÿ‘‰ DIREITO SIMPLES E DESCOMPLICADO

Acesso imediato ๐Ÿš€

Enviar Mensagem
Precisa de Ajuda?
Olรก! ๐Ÿ˜‰
Posso ajudar com Mapas Mentais, Resumos e Videoaulas de Direito ๐Ÿค“๐Ÿ‘Š๐Ÿ“š