Imputabilidade (Direito Penal): Resumo Completo

A imputabilidade รฉ um dos elementos da culpabilidade.

Sรฃo elementos da culpabilidade:

  1. Imputabilidade;
  2. Exigibilidade de conduta diversa;
  3. Potencial consciรชncia da ilicitude.

Neste artigo, vou explicar, passo a passo, a imputabilidade.

Imputabilidade decorre de imputar que, por sua vez, significa atribuir responsabilidade.

Por isso, quando falamos em imputabilidade queremos, em verdade, falar de hipรณtese em que pode-se atribuir responsabilidade penal a alguรฉm.

Neste cenรกrio, o imputรกvel รฉ aquele que pode ser objeto dessa imputaรงรฃo/ atribuiรงรฃo.

ร‰ imputรกvel aquele que tem plena capacidade de entender a natureza dos fatos e de se autodeterminar de acordo com esse entendimento.

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  • โœ…Revisรฃo rรกpidaย 
  • โœ…Memorizaรงรฃo simples
  • โœ…Maior concentraรงรฃo
  • โœ…Simplificaรงรฃo do conteรบdo.

Entรฃo, o Inimputรกvel nรฃo รฉ apenas aquele que nรฃo compreendi o mundo a sua volta, mas tambรฉm aquele que, embora compreenda, NรƒO consegue controlar seus impulsos, tomar decisรตes e se autodeterminar com base na realidade dos fato.

A imputabilidade serรก afastada apenas excepcionalmente.

O cรณdigo penal fala em 3 hipรณteses de inimputabilidade.

  1. Doenรงa mental (art. 26 do CP);
  2. Menoridade (art. 27 do CP);
  3. Embriaguez fortuita (art. 28, ยง 1ยบ, do CP).

ร‰ importante destacar que NรƒO excluem a imputabilidade a emoรงรฃo e a paixรฃo (art. 28, I, do CP).

Nos prรณximos tรณpicos, vou explicar cada uma das hipรณteses de inimputabilidade tratadas pelo Cรณdigo Penal.

Causas de Inimputabilidade

Doenรงa Mental ou Desenvolvimento Mental Incompleto

O tema รฉ tratado pelo art. 26 do Cรณdigo Penal:

Art. 26 – ร‰ isento de pena o agente que, por doenรงa mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da aรงรฃo ou da omissรฃo, inteiramente incapaz de entender o carรกter ilรญcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.         (Redaรงรฃo dada pela Lei nยบ 7.209, de 11.7.1984)

Reduรงรฃo de pena

Parรกgrafo รบnico – A pena pode ser reduzida de um a dois terรงos, se o agente, em virtude de perturbaรงรฃo de saรบde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado nรฃo era inteiramente capaz de entender o carรกter ilรญcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Observe que pouco importa o tipo de doenรงa mental.

Verifica-se, apenas, se tal doenรงa tem aptidรฃo para, ao tempo da aรงรฃo ou omissรฃo, tornar o agente incapaz de entender o carรกter ilรญcito do fato.

O direito penal, em relaรงรฃo ร  doenรงa mental, NรƒO adota um critรฉrio biolรณgico puro.

No Brasil, em relaรงรฃo a doenรงa mental, adota-se o critรฉrio biopsicolรณgico.

Segundo esse critรฉrio, exige-se a cumulaรงรฃo de:

  1. Critรฉrio biolรณgico: Doenรงa mental ou desenvolvimento mental incompleto/ retardado;
  2. Critรฉrio psicolรณgico: Durante a aรงรฃo/ omissรฃo, agente nรฃo consegue entender o carรกter ilรญcito do fato ou nรฃo nรฃo consegue se determinar de acordo com esse entendimento.

Entram, aqui, por exemplo, os manรญacos, psicopatas, dependentes quรญmicos, etc.

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Imputabilidade (Direito Penal): Resumo Completo

  • โœ…Mais didรกticaย 
  • โœ…Fรกcil entendimento
  • โœ…Sem enrolaรงรฃo
  • โœ…Melhor revisรฃo

A inimputabilidade afasta a culpabilidade e, como consequรชncia, o crime.

Em verdade, o inimputรกvel por doenรงa mental NรƒO serรก condenado, mas sim absolvido.

A doutrina chama essa absolviรงรฃo de absolviรงรฃo imprรณpria.

O juiz reconhece a inimputabilidade por doenรงa mental e, ato contรญnuo, absolve e aplica a medida de seguranรงa.

Por isso, diante de um fato tรญpico praticado por um indivรญduo nessas condiรงรตes, aplica-se medida de seguranรงa (e nรฃo pena…).

O que fundamenta a medida de seguranรงa nรฃo รฉ a reprovabilidade da conduta (pautada na culpabilidade), mas sim a periculosidade do agente.

Muito embora nรฃo seja pena, a jurisprudรชncia tem defendido que a medida de seguranรงa รฉ espรฉcie de sanรงรฃo penal.

Com base nisso, tem-se entendido que impรตe-se limite mรกximo para sua aplicaรงรฃo.

Para o Supremo Tribunal Federal, a Constituiรงรฃo Federal veda, em verdade, as sanรงรตes penais (e nรฃo apenas as penas…) de carรกcter perpรฉtuo (art. 5ยฐ, XLVII, “b”, da CF).

Para o STF, o limite mรกximo para cumprir a medida de seguranรงa รฉ o mesmo limite para aplicaรงรฃo da pena.

Sobre o tema, observe o que dispรตe o art. 75 do Cรณdigo Penal:

Limite das penas

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade nรฃo pode ser superior a 40 (quarenta) anos.

Em relaรงรฃo a doenรงa mental, hรก ainda o semi-imputรกvel (ou fronteiriรงo).

Existe, aqui, uma perturbaรงรฃo da saรบde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e, por isso, hรก parcial capacidade de entendimento ou de determinar-se conforme esse entendimento.

Sobre o tema, o art. 26, parรกgrafo รบnico, esclarece o seguinte:

art. 26 (…)

Reduรงรฃo de pena

Parรกgrafo รบnico – A pena pode ser reduzida de um a dois terรงos, se o agente, em virtude de perturbaรงรฃo de saรบde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado nรฃo era inteiramente capaz de entender o carรกter ilรญcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Portanto, diante da semi-imputabilidade aplica-se a pena com reduรงรฃo de 1/3 a 2/3.

Hรก, portanto, causa de diminuiรงรฃo de pena.

Por fim, รฉ importante destacar que, segundo o art. 96 do Cรณdigo Penal, as medidas de seguranรงa poderรฃo ser de

I – Internaรงรฃo em hospital de custรณdia e tratamento psiquiรกtrico ou, ร  falta, em outro estabelecimento adequado;

II – sujeiรงรฃo a tratamento ambulatorial.

Parรกgrafo รบnico – Extinta a punibilidade, nรฃo se impรตe medida de seguranรงa nem subsiste a que tenha sido imposta.

Menoridade

A menoridade รฉ um critรฉrio biolรณgico.

Esse critรฉrio biolรณgico รฉ tambรฉm chamado de critรฉrio cronolรณgico (ou critรฉrio etรกrio).

Sobre o tema, observe o que dispรตe o art. 27 do CP:

Menores de dezoito anos

Art. 27 – Os menores de 18 (dezoito) anos sรฃo penalmente inimputรกveis, ficando sujeitos ร s normas estabelecidas na legislaรงรฃo especial.

Trata-se de PRESUNร‡รƒO ABSOLUTA.

O legislador, neste particular, nรฃo se preocupa com anรกlise de cada caso concreto.

Nรฃo se avalia, por exemplo, se o menor foi emancipado ou nรฃo, se sabia o que estava fazendo ou nรฃo, etc.

O menor de 18 anos รฉ, de forma objetiva e absoluta, inimputรกvel.

Diante da inimputabilidade que decorre da presunรงรฃo absoluta, NรƒO hรก culpa e, como consequรชncia, avaliaรงรฃo da reprovabilidade da conduta do menor.

  • Dica: aprofunde seu estudo analisando como o tema foi cobrado na prova da OAB.

Entretanto, o menor pratica fato tรญpico e ilรญcito, sendo, aqui, compreendido como ato infracional.

Aliรกs, o art. 103 do ECA (Estatuto da Crianรงa e do Adolescente) dispรตe o seguinte:

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenรงรฃo penal.

Assim, a medida socioeducativa รฉ compreendida como uma das possรญveis respostas do Estado frente ao ato infracional.

O menor, neste cenรกrio, nรฃo responde por meio de processo penal, mas sim por meio de um processo com previsรฃo no ECA, sendo o Cรณdigo de Processo Penal aplicado apenas subsidiariamente.

Embriaguez Fortuita

Fala-se, aqui, em embriaguez completa proveniente de caso fortuito.

Sobre o tema, o art. 28

art. 28 (…)

ยง 1ยบ – ร‰ isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forรงa maior, era, ao tempo da aรงรฃo ou da omissรฃo, inteiramente incapaz de entender o carรกter ilรญcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

ร‰ evidente que, como se observa, trata-se de uma hipรณtese especรญfica de embriaguez.

Como consequรชncia, รฉ fรกcil perceber que a exclusรฃo de pena nรฃo ocorre em toda e qualquer espรฉcie de embriaguez.

A embriaguez pode ser compreendida como a alteraรงรฃo psicomotora do agente por meio de รกlcool ou substรขncia de efeitos anรกlogos.

Hรก 5 espรฉcies de embriaguez:

  1. Embriaguez preordenada;
  2. Embriaguez voluntรกria (ou dolosa);
  3. Embriaguez culposa;
  4. Embriaguez fortuita;
  5. Embriaguez patolรณgica.

Quando falamos em embriaguez, o Cรณdigo Penal adota a teoria da “actio libera in causa que significa aรงรฃo livre na causa.

Isso significa que nรฃo se analisa a liberdade do sujeito no momento da aรงรฃo ou omissรฃo, mas sim no momento da ingestรฃo da substรขncia que altera sua funรงรฃo psicomotora.

Em outras palavras, avalia-se sua liberdade no momento da ingestรฃo do รกlcool ou substรขncia de efeito anรกlogo.

Nรฃo se avalia a liberdade no momento da conduta que enseja o fato tรญpico.

A embriaguez preordenada รฉ aquela realizada intencionalmente para praticar o crime.

O agente, entรฃo, usa a substรขncia para cometer o crime.

A embriaguez preordenada NรƒO serรก hipรณtese de isenรงรฃo de pena, conforme teoria da actio libera in causa.

Aliรกs, รฉ curioso observar que a embriaguez preordenada, em verdade, รฉ causa agravante de pena, cumpre citar:

Art. 61 – Sรฃo circunstรขncias que sempre agravam a pena, quando nรฃo constituem ou qualificam o crime:

(…)

II – ter o agente cometido o crime:

l) em estado de embriaguez preordenada.

Em paralelo, na embriaguez voluntรกria (ou dolosa) tem-se o indivรญduo que usa รกlcool ou substancia anรกloga com o objetivo de embriagar-se.

Note que, diferente da embriaguez preordenada, o objetivo รฉ embriagar-se (e nรฃo praticar o crime).

Tambรฉm, diferente da embriaguez preordenada, a embriaguez voluntรกria NรƒO รฉ uma agravante.

  • Questรฃo: observe como a OAB cobrou o tema “embriaguez voluntรกria” na prova da OAB:

Alรฉm disso, em razรฃo da teoria da actio libera in causa nรฃo hรก exclusรฃo da culpabilidade

Aqui, inclusive, o Cรณdigo Penal expressamente esclarece o seguinte:

Art. 28 – Nรฃo excluem a imputabilidade penal:

(…)

Embriaguez

II – a embriaguez, voluntรกria ou culposa, pelo รกlcool ou substรขncia de efeitos anรกlogos.

A embriaguez culposa, por sua vez, รฉ aquela em que o agente pretende ingerir รกlcool ou substรขncia anรกloga, mas nรฃo tem a intenรงรฃo de embriagar-se.

ร‰ o caso, por exemplo, do indivรญduo que acredita ser resistente ao รกlcool, mas que, com um copo de cerveja fica completamente embriagado.

Na embriaguez culposa o individuo nรฃo quer embriagar-se ou praticar qualquer crime.

Nessa hipรณtese, tambรฉm em razรฃo da teoria da actio libera in causa, o indivรญduo responderรก pelo crime, pois era livre no momento do uso da substรขncia intencionalmente.

Em outras palavras, o sujeito escolheu usar a substรขncia.

O Cรณdigo Penal destaca, ainda, a embriaguez fortuita.

Observe o que dispรตe o art. 28, ยง 1ยบ, do CP:

Art. 28 (…)

ยง 1ยบ – ร‰ isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forรงa maior, era, ao tempo da aรงรฃo ou da omissรฃo, inteiramente incapaz de entender o carรกter ilรญcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Neste caso, o agente nรฃo opta por ingerir o รกlcool ou substรขncia de efeitos anรกlogos.

Aliรกs, por isso, nรฃo hรก como sustentar a responsabilizaรงรฃo penal do agente diante da teoria da actio libera in causa.

Nรฃo hรก voluntariedade na ingestรฃo da substรขncia.

A liberdade, aqui, guarda relaรงรฃo com a consciรชncia do que estรก ingerindo, bem como vontade/ intenรงรฃo de ingerir.

Portanto, o agente, ao ingerir a substรขncia deve:

  1. Ter consciรชncia daquilo que estรก ingerindo;
  2. Ter vontade/ intenรงรฃo de ingerir.

Na hipรณtese de nรฃo ter consciรชncia ou nรฃo ter vontade de ingerir, fala-se em embriaguez fortuita.

ร‰ preciso, neste caso, diferenciar a:

  1. Embriaguez fortuita completa;
  2. Embriaguez fortuita incompleta.

Na primeira, por forรงa da embriaguez, o agente nรฃo consegue entender o carรกter ilรญcito do fato ou nรฃo consegue se determinar de acordo com esse entendimento.

ร‰ o que ocorre, por exemplo, quando alguรฉm, sem chamar a atenรงรฃo, coloca droga na bebida de terceiro.

Na hipรณtese desse terceiro, por exemplo, cometer um acidente de transito, afasta-se a culpabilidade em razรฃo da embriaguez fortuita.

Isso porque, no exemplo, o indivรญduo NรƒO tem consciรชncia do que estรก, de fato, ingerindo.

Nessa hipรณtese, hรก isenรงรฃo de pena (art. 28, ยง 1ยบ , CP) em razรฃo da exclusรฃo da culpabilidade do agente.

Contudo, NรƒO hรก exclusรฃo da imputabilidade na hipรณtese da embriaguez fortuita incompleta.

Na embriaguez fortuita incompleta o agente, no momento da aรงรฃo/ omissรฃo, tem parcela de consciรชncia.

Por isso, hรก reprovabilidade da conduta (culpabilidade), mas hรก causa de diminuiรงรฃo de pena.

ร‰ o que dispรตe o art. 28, ยง 2ยบ , do CP:

art. 28 (…)

ยง 2ยบ – A pena pode ser reduzida de um a dois terรงos, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou forรงa maior, nรฃo possuรญa, ao tempo da aรงรฃo ou da omissรฃo, a plena capacidade de entender o carรกter ilรญcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Por fim, a doutrina fala em embriaguez patolรณgica.

Trata-se do vรญcio do รกlcool ou droga, reconhecida como doenรงa mental reconhecida pela OMS (Organizaรงรฃo Mundial da Saรบde).

Nesse caso, pode-se excluir a culpabilidade, nรฃo pela embriaguez, mas sim em razรฃo da doenรงa mental (art. 26 do CP).

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