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ToggleO iter criminis รฉ o caminho do crime (ou fases/ etapas do crime).
Para doutrina majoritรกria, hรก 4 fases:
- Cogitaรงรฃo;
- Preparaรงรฃo (ou de atos preparatรณrios)
- Execuรงรฃo (ou atos executรณrios)
- Consumaรงรฃo.
Para doutrina minoritรกria, hรก uma quinta fase, qual seja o exaurimento.
Para doutrina majoritรกria, contudo, o exaurimento existe, mas ocorre APรS o crime e, por isso, nรฃo seria fase do crime.
ร importante destacar, desde jรก, que nem sempre o crime percorre todas as etapas do iter criminis.
Vou explicar cada uma das etapas do iter criminis nos prรณximos tรณpicos.
Cogitaรงรฃo
A fase da cogitaรงรฃo รฉ constituรญda por fatos nรฃo exteriorizados.
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- โ Revisรฃo rรกpidaย
- โ Memorizaรงรฃo simples
- โ Maior concentraรงรฃo
- โ Simplificaรงรฃo do conteรบdo.
Fala-se em momento interno da infraรงรฃo penal, justamente porque o agente nรฃo exteriorizou seu pensamento.
O agente quer o crime e pensa no crime, mas nรฃo exterioriza por qualquer ato.
Pode-se compreender, tambรฉm, como a etapa mental/ psรญquica de imaginar, pensar ou elaborar a prรกtica do crime.
Trata-se de etapa obrigatรณria no crime doloso. Neste caso, รฉ sinรดnimo de premiditaรงรฃo.
Como jรก estudamos anteriormente, no รขmbito do crime doloso o Brasil adota a teoria da representaรงรฃo (parte inicial do art. 18) e a teoria do assentimento (parte final do art. 18).
Segundo a teoria da representaรงรฃo, o dolo รฉ constituรญdo por um elemento intelectivo (consciรชncia) e um elemento volitivo (vontade).
Portanto, para se ter dolo รฉ preciso cogitar.
Nesta fase, contudo, os atos nรฃo sรฃo exteriorizados e, por isso, nรฃo hรก criminalizaรงรฃo nesta etapa.
Aliรกs, nesta etapa, nรฃo hรก lesรฃo ou perigo de lesรฃo a bem jurรญdico penalmente tutelado.
Lembro, por oportuno, que, segundo o princรญpio da ofensividade (ou lesividade), nรฃo hรก crime sem lesรฃo efetiva ou ameaรงa concreta ao bem jurรญdico tutelado.
Preparaรงรฃo (ou Atos Preparatรณrios)
Em paralelo, na fase de preparaรงรฃo tem-se exteriorizaรงรฃo da conduta com atos materiais concretos.
Comprar a arma para matar, por exemplo, รฉ ato de preparaรงรฃo para o crime de homicรญdio.
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Iter Criminis (Direito Penal): Resumo Completo
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Como regra, o ato de preparaรงรฃo nรฃo รฉ punido.
Todavia, o ato de preparaรงรฃo pode ser criminalizado como crime autรดnomo.
Por exemplo, “Joรฃo” compra arma para matar “Pedro”. Muito embora, nessa etapa, “Joรฃo” nรฃo possa ser penalizado pelo crime de homicรญdio (pois nรฃo matou ou tentou matar Pedro ainda…), poderรก ser penalizado, por exemplo, pelo crime de porte ilegal da arma de fogo.
Em algumas hipรณteses, contudo, o Direito Penal se antecipa.
Isso significa que ocorre a criminalizaรงรฃo que ocorrem em etapa que, antes, nรฃo era criminalizada.
A doutrina chama isso de antecipaรงรฃo da tutela penal.
Isso ocorre quando:
- Os atos representam, em si mesmos, um perigo a ordem jurรญdica;
- O bem jurรญdico que se pretende atingir รฉ muito relevante.
Nestas hipรณteses, hรก motivo para intervenรงรฃo antecipada do Direito Penal.
ร o que ocorre, por exemplo, quando a agente realiza atos preparatรณrios para o crime de terrorismo.
Observe o que dispรตe o art. 5ยฐ da lei 13.260:
Art. 5ยบ Realizar atos preparatรณrios de terrorismo com o propรณsito inequรญvoco de consumar tal delito:
Pena – a correspondente ao delito consumado, diminuรญda de um quarto atรฉ a metade.
ยง 1ยบ Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propรณsito de praticar atos de terrorismo:
I – recrutar, organizar, transportar ou municiar indivรญduos que viajem para paรญs distinto daquele de sua residรชncia ou nacionalidade; ou
II – fornecer ou receber treinamento em paรญs distinto daquele de sua residรชncia ou nacionalidade.
ยง 2ยบ Nas hipรณteses do ยง 1ยบ, quando a conduta nรฃo envolver treinamento ou viagem para paรญs distinto daquele de sua residรชncia ou nacionalidade, a pena serรก a correspondente ao delito consumado, diminuรญda de metade a dois terรงos.
Execuรงรฃo (ou Atos Executรณrios)
Apรณs a preparaรงรฃo (ou atos preparatรณrios), tem-se a execuรงรฃo (ou atos executรณrios).
A execuรงรฃo รฉ uma etapa obrigatรณria do crime e ocorre quando o agente dรก inรญcio a realizaรงรฃo do crime interferindo na esfera do bem jurรญdico alheio e permitindo a intervenรงรฃo do Direito Penal por meio, ao menos, da tentativa.
A grande dificuldade aqui รฉ delimitar quando realmente comeรงa a execuรงรฃo…
Hรก teorias para apontar quando comeรงa e quando termina os atos de execuรงรฃo.
No inรญcio, haviam critรฉrios subjetivos que, contudo, foram abandonados pela doutrina.
As Teorias subjetivas tinham como parรขmetro a intenรงรฃo do agente o que, na prรกtica, รฉ de difรญcil constataรงรฃo.
Por isso, na prรกtica, a doutrina nรฃo utiliza critรฉrios subjetivos para apurar o inรญcio da execuรงรฃo.
A discussรฃo doutrinรกria apegou-se, entรฃo, aos critรฉrios objetivos.
Sรฃo critรฉrios objetivos:
- Teoria objetivo formal;
- Teoria objetivo material (ou hostilidade ao bem jurรญdico);
- Teoria objetivo individual (ou objetivo-subjetivo).
A execuรงรฃo, segundo esse critรฉrio, tem inรญcio com a prรกtica do verbo do crime.
O problema รฉ que tal critรฉrio รฉ impreciso…
Imagine, por exemplo, que “Joรฃo” saca a arma e dispara contra “Pedro” com a intenรงรฃo de matรก-lo.
Pergunta-se: “A prรกtica do verbo matar รฉ com o saque da arma? Com o disparo?“
Em verdade, o inรญcio da execuรงรฃo se dรก com a concreta prรกtica do VERBO, ou seja, quando o agente REALIZA a CONDUTA PREVISTA no TIPO penal CONCRETIZANDO o fato.
A doutrina entende que trata-se de um critรฉrio pobre, pois abandona por completo a intenรงรฃo do agente.
Em paralelo, teoria objetivo material tem como berรงo o causalismo neoclรกssico (ou sistema subjetivista).
A execuรงรฃo se daria momentos antes da prรกtica do verbo, quando se termina a preparaรงรฃo.
O primeiro ato, apรณs a preparaรงรฃo, jรก pode ser reconhecido como inรญcio de crime.
Observe que a teoria objetivo material, quando comparado com a teoria objetivo formal, antecipa o inรญcio da execuรงรฃo.
O problema, segundo a doutrina, รฉ que o critรฉrio antecipa demais o inรญcio da execuรงรฃo.
Em outras palavras, hรก uma grande valoraรงรฃo do inรญcio da realizaรงรฃo do fato em detrimento da concreta prรกtica do verbo do tipo.
No exemplo acima, o inรญcio da execuรงรฃo se dรก com o saque da arma de fogo por “Joรฃo”.
A valoraรงรฃo, por isso, รฉ muito vaga.
“Joรฃo”, por exemplo, pode sacar a arma de fogo com intenรงรฃo de ameaรงar, ofender, matar, etc… ร difรญcil, nesta etapa, saber qual a real intenรงรฃo de Joรฃo.
Por fim, hรก a teoria objetivo individual (ou objetivo-subjetivo).
O inรญcio da execuรงรฃo, segundo esse critรฉrio, ocorre momentos antes da realizaรงรฃo material do crime.
Imagine, por exemplo, que “Joรฃo” saca a arma e dispara contra “Pedro” com a intenรงรฃo de matรก-lo.
Momentos antes de produzir o resultado morte, “Joรฃo” demonstra a sua intenรงรฃo.
Em outras palavras, deve-se analisar o รบltimo momento antes da concreta prรกtica do verbo (no exemplo, “matar”).
Neste momento, รฉ possรญvel avaliar, de forma mais precisa, o elemento subjetivo (ou elemento psicolรณgico) da tipicidade, ou seja, o dolo ou culpa.
Consumaรงรฃo
Segundo o art. 14, I, do Cรณdigo Penal considera-se consumado o crime “quando nele se reรบnem todos os elementos de sua definiรงรฃo legal“.
A consumaรงรฃo, entรฃo, ocorre quando o crime se completa.
Exaurimento
O exaurimento, como jรก observamos, NรO รฉ etapa do iter criminis, pois ocorre APรS o crime.
A consumaรงรฃo รฉ o รบltimo ato do iter criminis.
O exaurimento, por sua vez, รฉ o esgotamento do crime.
TODO crime pode se exaurir, contudo, em alguns, nรฃo รฉ relevante.
Isso porque, em alguns crimes, o exaurimento ocorre junto com a prรณpria consumaรงรฃo.
No crime material, por exemplo, o exaurimento รฉ irrelevante.
Como jรก estudamos anteriormente, o crime material รฉ aquele que exige resultado material (ou naturalรญstico).
O resultado naturalรญstico, portanto, nรฃo รฉ exaurimento, mas elemento integrante da prรณpria consumaรงรฃo.
Por isso, em crimes materiais (por exemplo, homicรญdio), o exaurimento รฉ irrelevante.
Tambรฉm รฉ irrelevante a anรกlise do exaurimento nos crimes de mera conduta, jรก que, nestes casos, sequer existe resultado naturalรญstico.
Entretanto, no caso do crime formal, o exaurimento ocorre em momento diverso.
A consumaรงรฃo se dรก com a prรกtica integral da conduta, ao passo que o exaurimento surge na hipรณtese de obter o resultado material.
Entรฃo, APENAS nos crimes FORMAIS รฉ relevante o exaurimento.
Vocรช pode estar se perguntando: “mas para que isso serve?“.
Isso tem implicaรงรฃo direta na dosimetria da pena, agravando a situaรงรฃo do agente na hipรณtese de exaurimento do crime.